Entrevista da semana na Folha Estilo

Clélia Serrano – Bailarina

Perfil

Estou muito bem casada pela segunda vez. Já fiz Bodas de Prata. Meus filhos adoravam me ajudar nos espetáculos. Habituados a assistir espetáculos sempre que eu dançava.

Meus dois filhos foram cedo para o Rio estudar. Logo depois foi o outro. Minha filha Claudia, se formou no Conservatório de Música e no Ballet e tem uma filha. Meu filho Felipe fez medicina, tem dois filhos.

O Henrique fez computação, tem duas filhas. Minha filha adotada Paula fez medicina, tem um filho, e por último o meu temporão Renato único Campista, Advogado, tem uma filha. Conclusão, tenho 7 netos!

– Qual a sua formação profissional: Bailarina

– Fale sobre sua trajetória. – Nossa! Como fazer um breve resumo da minha trajetória? Afinal são 71 anos de trabalho árduo e prazeroso! Que só me deu felicidade.

Em 1955 recebi o 1ºlugar “Menores Melhores” promovido pela TV Rio. Em 1956 iniciei como professora assistente na Academia Madeleine Rosay. Em 1957 formatura na Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1958 Remontei o ballet “Les Sylfides” para o espetáculo de fim de ano do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Estagiária do Corpo de Baile do mesmo Theatro. Em 1959 Menção Honrosa – Troféu Niginski, promovido pelo Jornal o Globo e Melhor Revelação Associação Brasileira de Críticos Teatrais.

Fui convidada pela grande bailarina mundial Tamara Toumanova para ir com ela, que me lançaria como bailarina. Minha mãe não deixou. Em 1960
contratada  como bailarina (CLT), participou do 1º Concurso Internacional de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1962 Trabalhei como bailarina na TV Exelsior, TV Tupi, TV Globo, Boite 1800, Teatro de Revista no Teatro República, tive como direção, Carlos Manga, Maurício Sherman, entre outros. Mas não eram dançarinas como é hoje no Faustão.

Éramos bailarinas mesmo. Fazíamos do Clássico ao Contemporâneo, do Moderno ao Jazz. Em 1963 Curso de aperfeiçoamento para professores e profissionais da “Royal Academy of Dançe” e recebi o “Certificado de Habilitação da Comissão Artística e Cultural do Theatro Municipal do Rio de Janeiro”.

Em 1965 Aprovada no concurso para efetivação no Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Por incrível que pareça nem minha mãe sabia! Estava grávida do meu segundo filho, 5 meses.

Em 1966 passa a ser solista do Corpo de Baile. Dancei todos os ballets e óperas da casa e com companhias internacionais que por lá passavam. Fiz aulas com grandes professores nacionais e estrangeiros.

Fiz todas as modalidades de dança que existiam na época. Em 1970 tive uma mudança brutal em minha vida. Meu marido (falecido), foi convidado para dirigir o laboratório da Santa Casa.

Nos mudamos para Campos com quatro filhos, Claudia 6 anos, Felipe 4 anos e Henrique e Paula 2 anos (adotada). Pensei que ia enlouquecer. Resolvi então abrir uma academia de ballet enquanto esperava a transferência.

Então apareceu um concurso interno do próprio Theatro para 1ª Bailarina. Passei, chorei muito! Não tinha saída. Ou ia ou largava a família. Chegando definitivamente aqui não tive ajuda de ninguém.

Fui pedir empréstimo no banco. A resposta foi uma punhalada. Emprestar para ballet? Se fosse para comprar boi tudo bem! Mas ballet aqui? Fui ao contador abrir a firma.

A senhora está louca? Abrir uma academia de ballet? Mas eu sempre fui determinada. E hoje estou fazendo em abril/2020, 47 anos de Dança em Campos dos Goytacazes.

Abri a academia em abril de 1973 com o nome “Danças Clássicas Clélia Serrano”, hoje Centro de Artes Madeleine Rosay. No fim do ano de 1973 foi a primeira apresentação no Teatro Trianon, lindo!

Todo em mármore carrara com frisas e camarotes. Todo dourado com suas cadeiras vermelhas. E de pensar que foi o primeiro teatro no Brasil! Tinha virado cinema. Mesmo assim, montei um palco e fiz minha primeira
apresentação. Foi lindo!

Depois passei as apresentações para o clube …. depois fui para o Auditório do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Até que fui para o novo Trianon. A única pena é que, ao invés da cultura melhorar só está andando para trás.

A falta de incentivo por conta do governo e patrocínios é muito grande! Mas vamos em frente! 1973 Como pioneira na cidade de Campos dos Goytacazes, fundei a escola “Danças Clássicas Clélia Serrano”. Hoje “Centro de Artes Madeleine Rosay”.

Todos pensam que sou Madeleine Rosay. Não. Ela foi minha 2ª mãe. Se estou aqui hoje foi porque minha mãe me apresentou a dança e Madeleine foi quem me ensinou todos os caminhos para a minha profissão.

Desde os primeiros passos até o fim de sua vida. E minha mãe a maior incentivadora. Sem essas duas mulheres não seria ninguém. Não parei. Continuei com meus estudos e dando aulas sem parar.

Congressos, Seminários, Cursos, Palestras, Concursos e promovendo Cursos Intensivos de Dança na própria academia. Por lá já passaram grandes nomes da dança. De 1973 a 1997 – participou com suas alunas em todos os concursos de ballet em várias modalidades, a nível nacional e internacional, sempre levando os primeiros prêmios e mantendo
espetáculos anuais, cursos e realizando apresentações por várias vezes no Rio de Janeiro como convidada inclusive para a abertura do Concurso de Joinville.

Em 1986, 3º lugar “Mostra para Novos Coreógrafos” Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro. 1987 Troféu “Incentivo a Dança”, com o grupo “Canadoce” sobre minha direção no Concurso Nacional de Ballet e coreografia concedido pelo Conselho Brasileiro da Dança. 1990 Suplente de Direção do Sindicato dos Profissionais da Dança. 1991  Recebe a “Medalha de Honra ao Mérito”, concedida pelo Conselho Brasileiro da Dança. 1997 Vice – Presidente do Conselho Brasileiro da Dança, órgão vinculado ao Conséil Internacional de La Dance (CID) UNESCO. 1998 Lotada na Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. 1999 Professora da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. E daí por diante sempre ganhando os primeiros lugares nos concursos. Em janeiro de 2010 o Centro de Artes Madeleine Rosay passa a ser mantenedora da Escola técnica de Dança Madeleine Rosay pelo MEC, Em 2012 Obtém registro da OSCIP – Clélia Serrano Dança e Arte junto ao Ministério da Justiça. Em 2012 Dirige o Corpo De Baile do Teatro Municipal Trianon. Forma uma aluna bailarina que foi para o
exterior NINA BARCELOS.

– Em que momento a dança entrou em sua vida? Quando minha mãe me apresentou a dança, em 1948. Ingressei na Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, aos 5 anos.

Como a idade mínima era 7 anos, tive que fazer uma prova. Fiz sozinha numa sala imensa, e todos os professores e diretores da escola para me examinar. Passei com distinção! Como não tinha idade, fiquei como agregada.

– Você faria tudo novamente? Sim! SIM! SIIIIMMM!

– Como administra o seu dia a dia? Acordo muito cedo, assim que termino de me arrumar vou direto para a academia; além de dar aula fico resolvendo várias coisas como regulamentos, administrativos, espetáculo de fim de ano, quando o estômago começa a reclamar vou correndo ali no restaurante Fratello, ao lado da academia, e volto imediatamente.

Dou mais aulas e só consigo sair de lá bem tarde, dependendo do que ainda falta a fazer. Não gosto de deixar nada para amanhã, porque amanhã aparece mais coisas por resolver.

O que faz nas horas vagas? Como a essa hora já é lá pelas 22 ou 23hs, tomo um lanche e caio dura na cama

Bate-bola:

– Assustador – É ver que o ser humano cada dia se afasta mais um do outro, a falta de respeito, a inversão de valores.
– Música favorita – gosto de música, só não gosto daquelas que tem péssimas letras e falta de melodia
– Sua maior conquista – meus filhos, minha profissão
– O que te faz gargalhar – meu segundo marido
– Miséria é… Uma MISÉRIA!!!
– Momento profissional – São vários os momentos alcançados de um bailarino cada dia ele alcança um pouco e isso é extraordinário.
– Não consegue perdoar – Não tenho o que não perdoar. Entendo cada situação
– O que mudaria em você – Estou satisfeita comigo mesma
– Qual o seu lema – Trabalhar e amar o próximo
– Ser feliz ou estar feliz – Ser feliz sempre
– Mania chata – não acho que tenha uma mania chata. Mas acredito que as pessoas podem me achar chata. Aí vai depender de cada caso
– Pessoa importante – Não é uma pessoa, são todas aquelas que convivem comigo são importantes para mim
– Mulher elegante – Todas aquelas que tem postura, refinamento, educação, respeito, etc.
– Livro de cabeceira – Não tenho. Quando deito caio dura de sono.
– Religião – Católica
– Deus – É Deus!
– Deixe uma mensagem: O mundo está difícil! Vamos amar e respeitar mais uns aos outros!

Designer: Aldir Mata

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Sobre Vânia Carvalho

 ​ Campista, Comunicadora e mãe de Bianca e Bruno. Como comunicadora social com habilitação em Relações Públicas, atuando como colunista do Jornal Folha da Manhã

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