Hoje falaremos sobre os hormônios da tireóide.
Sabe-se que com o aumento da idade há mudanças na produção de hormônios da tireóide, com redução dos mesmos e também da taxa metabólica basal. Entretanto, apesar de alguns defenderem a reposição destes hormônios como forma de deter ou retardar o envelhecimento, esta prática não é autorizada, uma vez que:
1) estudos têm verificado que, em geral, estas mudanças são formas de adaptação, e portanto protegem o organismo.
2) a reposição de hormônio tireoidiano sem que de fato haja um hipotireoidismo clínico ou subclinico com alteração efetiva de TSH oferece riscos, tais como arritmias cardíacas e piora de massa óssea, agravando quadros de osteoporose ou osteopenia, entre outros.
Portanto, a investigação da função da tireóide é indicada em todos com mais de 35 anos, porém o diagnóstico de alguma disfunção na glândula deve ser feito com cautela. A detecção de hipotireoidismo clínico ou subclinico permite que se inicie o tratamento, com grande melhora na qualidade de vida do paciente; por outro lado, um diagnóstico incorreto faz com que o paciente acredite ter uma doença que não tem e passe a usar uma medicação que, nesta situação, trará grandes prejuízos a sua saúde.
Algumas situações em que não se indica começar hormônio tireoidiano:
1 – pessoas com um só exame de TSH alterado (é preciso repetir e complementar a investigação com outros exames).
2 – pessoas com TSH normal e T4l no limite inferior [infelizmente temos visto a conduta de repor hormônio nesta situação. Além de não haver nenhuma indicação, tal conduta coloca o paciente em risco de evoluir com hipertireoidismo iatrogenico (por erro médico).
3 – pessoas com sintomas de hipotireoidismo e exames laboratoriais normais (outra prática crescente, porém inadequada e que oferecerá riscos ao paciente. Devemos nos lembrar que sintomas como cansaço, queda de cabelos, ganho de peso, ressecamento da pele, e outros pode ser devida a outros problemas que deverão ser investigados se os exames laboratoriais da função tireoidiana forem normais).

Em resumo, há que se ter muita cautela e conhecimento para definir o diagnóstico de disfunção tireodiana, em qualquer faixa etária.
Matéria escrita pela médica endocrinologista Patrícia Peixoto .