Alergia alimentar

Nos últimos dias temos ouvido falar bastante de alergia alimentar. Estamos a um mês da entrada em vigor de uma nova Lei que vai obrigar os fabricantes de alimentos a informar no rótulo todos os ingredientes usados e a presença dos principais alérgenos. A mudança aconteceu depois que um grupo de mães de alérgicos alimentares criou nas redes sociais o movimento “Põe no Rótulo”, pedindo a mudança. Depois de muita pressão conseguiram que a Anvisa aprovasse a mudança e desse prazo de um ano para as empresas. Com isso, a partir do dia três de julho todos serão obrigados a ter rótulos claros. Campanhas de conscientização também aconteceram em todo o país durante a segunda semana de maio. Em Campos, um grupo de pais e avós se uniu para divulgar a questão que atinge a cada dia mais pessoas.
Semana de Conscientização

A Semana de Conscientização sobre Alergia Alimentar foi criada pela instituição norte-americana Food Allergy & Anaphylaxis Network (hoje FARE) em 1998 para chamar a atenção da população em geral sobre as principais questões que envolvem a alergia alimentar, uma condição séria, com risco à vida da pessoa alérgica. As redes sociais de internet foram o grande canal para divulgação de informações, mas alguns eventos aconteceram em Campos.

A ideia dos pais é que aumentando a informação, estimulando a sensibilização e a conscientização das pessoas, eles podem incentivar o respeito, promover a segurança emelhorar a qualidade de vida das famílias e das pessoas com alergias alimentares. Ainda não existe uma data oficial de promoção da conscientização sobre a alergia alimentar no Brasil, por isso os pais que militam na conscientização também por aqui aproveitam a semana idealizada pela FARE para levar informações ao maior número de pessoas. Eles acreditam que só o conhecimento poderá transformar em um caminho mais acolhedor a realidade de exclusão que em geral os alérgicos enfrentam.
Piquenique

O segundo Piquenique de Alérgicos de Campos reuniu aproximadamente 30 pessoas no Dia das Mães no Horto Municipal, abrindo as atividades da semana. Além de trocarem experiência, familiares e alérgicos alimentares, bem como famílias solidárias, tiveram a oportunidade de momentos de descontração junto à natureza, num ambiente seguro, sem que fossem expostos a alimentos com grande potencial de causar uma reação alérgica. Organizadora do primeiro Piquenique de Alérgicos, a fisioterapeuta Aline Barra é alérgica e também tem um filho de seis ano alérgico. Este ano ela viu crescer o movimento que iniciou, com a adesão de outros pais e avós na organização dos eventos da Semana. “O legal destes nossos piqueniques é que sabemos que lá teremos alimentos que podemos comer. As crianças sabem que é seguro e que terá comida da qual eles podem fazer uso. As crianças se sentem seguras para brincar e para comer. O legal é a criança ter a liberdade de brincar sem se preocupar e sem medo de ela ou alguém ter uma reação forte. Lá eles tem a liberdade de serem só crianças, de não se preocuparem com coisas que deveriam ser só dos adultos. Um local onde eles são livres porque se sentem seguros”, avalia.
Caminhada

Com 10% de seus alunos sendo alérgicos alimentares, o Externato João XXIII, resolveu levar os alunos da educação infantil e do ensino fundamental para a rua, em uma aula de cidadania e sensibilização sobre alergia alimentar. A Caminhada de Conscientização da Alergia Alimentar movimentou a Avenida Pelinca na sexta-feira, 13/05. Aproximadamente 500 alunos, professores e pais caminharam nas imediações da escola com cartazes e alertas sobre a questão. Idealizadora da caminhada, a professora Raiani Sendra, coordenadora de projeto da escola, diz que a necessidade de atender aos alérgicos surgiu com as aulas de educação alimentar e a identificação de que 10% da clientela tinha algum tipo de alergia alimentar. “Percebemos, neste momento, que era preciso uma mudança de olhar. Foi então que iniciamos um processo de transformação de toda realidade escolar (festividades, cardápio, lista de material escolar, entre outros) visando acolher, incluir e proporcionar segurança aos nossos alunos alérgicos. Sabemos que ainda temos muito a fazer”, disse a educadora.
Roda de Conversa

A semana foi encerrada no sábado, 14/05, com duas palestras no Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Centro. “Meu aluno é alérgico. E agora?” Com o médico alergista Carlos Hamilton Oliveira Conceição e “Alergia Alimentar X Intolerância a Lactose”, com médica gastropediatra Janaína Salgado Carvalho. Ao todo 27 pessoas compareceram e muitas aproveitaram para tirar dúvidas com os médicos. “Essa ideia dos pais foi fantástica. Quanto mais informação sobre alergia alimentar circular, melhor para todos”, completou o médico.

Entrevista com Dr. Carlos Hamilton Oliveira da Conceição, médico Especialista em Pediatria, com Sub-especialidade na Área de Alergia e Imunologia Pediátrica.

Professor da Faculdade de Medicina há 17 anos, idealizador do Programa de Alergia Alimentar da Prefeitura de Campos, sendo responsável pela elaboração do Protocolo de Alergia Alimentar – Publicado no Diário Oficial de 2015 da PMCG. Médico do Setor de Emergência do Hospital Ferreira Machado há 23 anos e responsável técnico da Clínica Vaccini também em Campos dos Goytacazes.

O que é Alergia Alimentar? Como são os principais sintomas?

A Alergia Alimentar é uma Reação Adversa a determinado alimento. Envolve um mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável, com sintomas que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal, respiratório e até o Sistema Nervoso Central. As reações podem ser leves com simples coceira na pele, lábios e narinas até reações graves que podem comprometer diversos segmentos do nosso corpo. A Alergia Alimentar então, nada mais é do que uma resposta exagerada do organismo a determinada substância presente nos alimentos.

Quais os riscos da Alergia Alimentar?

Os riscos variam de paciente para paciente. Começa pela desinformação dos familiares (principalmente, pais, tios, avós). É muito comum os pais relatarem que os parentes não acreditam na alergia, que é um exagero e que na época deles isso não ocorria. Algumas crianças são tão sensíveis a alguns alimentos que podem desencadear desde náuseas, vômitos, diarreia, hemorragia digestiva até urticária, edema de laringe e choque anafilático, podendo o desfecho ser fatal.

Existe cura para a Alergia Alimentar? Qual a melhor maneira de lidar com ela?

Cerca de 80% das crianças vão ficar curadas por volta dos 4-6 anos. A melhor maneira é a informação. Avaliar de forma correta o diagnóstico (avaliar de forma criteriosa testes cutâneos e laboratoriais), para não levar o paciente a dietas restritivas sem necessidade causando sérios distúrbios alimentares e psicológicos ao paciente e seus familiares.

Atualmente temos a impressão que muitas pessoas tem diagnóstico de Alergia Alimentar. O número de casos de vem aumentando?

Aumentou no mundo todo os casos de Alergia Alimentar (muito disso em virtude dos danos ao meio ambiente, ingesta excessiva de carboidratos, alimentos industrializados, conservas, aditivos alimentares, agrotóxicos e…. FALTA DO LEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO etc… mas também muitos médicos superestimam o diagnóstico da alergia alimentar (pouco conhecimento ou má avaliação da história clínica do paciente).
Como evitar a Alergia Alimentar? É uma questão hereditária?
Sim, temos fatores hereditários. Evitar a alergia é manter uma alimentação saudável, PRINCIPALMENTE APÓS O PARTO, E ALEITAMENTO
MATERNO EXCLUSIVO POR 6 MESES E MANUTENÇÃO DO MESMO PELO MAIOR TEMPO POSSÍVEL (Próximo dos 2 anos de vida).

Colaboradora: Flávia Ribeiro Nunes Pizelli
Fotos: Claricia Martins

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Sobre Vânia Carvalho

 ​ Campista, Comunicadora e mãe de Bianca e Bruno. Como comunicadora social com habilitação em Relações Públicas, atuando como colunista do Jornal Folha da Manhã

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