Lei do Romário

INCLUIR COM RESPONSABILIDADE
UM OLHAR INCLUSIVO ATRAVÉS DA LEI

Há mais ou menos 35 anos luto pela educação de todas as crianças, independentemente de ter ou não alguma necessidade especial. Já atuei em várias frentes de trabalho, sempre com um olhar inclusivo e me capacitando para poder entender a lógica que rege as pessoas, quando pensam que podem selecionar a espécie humana. Já fui muito criticada por colocar em minha escola crianças fora do padrão que a sociedade entende como normal. Nesse tempo, médicos e outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros, que a indicam como salvação para aquela criança especial que atendem, questionavam os pais que queriam colocar seus filhos ditos “normais” e diziam “aquela escola só tem criança doente”. Triste ouvir isso de pessoas que se julgam preparadas, mas acreditem isso aconteceu e acontece ainda nos dias de hoje. Penso que não entendem que conviver com o diferente nos torna pessoas mais sensíveis. Outra abordagem interessante ao longo desses anos de experiência com Escola Inclusiva, é ouvir constantemente dos pais que me procuram que a escola anterior de seu filho ou a que procurou antes, não está preparado para recebê-lo. Pergunto eu: Como assim? Não está preparada? Onde está o compromisso com o educar, com a pesquisa constante com o crescer através da educação para todos? Nunca me conformei com esta desculpa, pois para mim sempre foi uma forma de afastar e não receber o diferente em suas instituições. E muitas vezes tive vergonha de saber que contribui para formação de pessoas que estão à frente de muitas escolas que agem assim e falam abertamente que não tiveram o mínimo preparo para essa função. Essas escolas e pessoas precisam se sensibilizar, estudar, se preparar para ter condições de fazer um A escola é para todos e sendo assim, negros, deficientes, pobres, ricos, têm direito ao respeito e ao ensino de qualidade, seja público ou privado. Para assegurar o direito de todos à educação de qualidade, seja ele com necessidade especial ou não, institui em minha escola há muito tempo atrás a mediação escolar, por entender que todo aluno com dificuldades especiais, precisam de um olhar individualizado, adaptado e comprometido. Entendi isso através de muito estudo, inclusive como tema de minha dissertação de mestrado. Quando se fala em mediação, fala-se de responsabilidade, de comprometimento. Mediar é ser intermediário de situações difíceis vivenciadas pela criança levando-a ao sucesso ao encarar os desafios. Muitos alunos precisam desse suporte, pois a sala de aula também precisa da tranquilidade necessária para que todos aprendam, sem precisar ir além do direito do outro. O professor é o regente desse processo e também precisa ser olhado com carinho, ter sua saúde física e mental preservada para poder agir com tranquilidade e conduzir todo o processo do aprender através do prazer. Assim entro na Lei da Inclusão, proposta pelo Senador Romário, acreditando ser um avanço quando “obriga as instituições de ensino legalmente garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio de oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena”, mas discordo quando acrescenta que nas escolas particulares tem que se “promover a inclusão plena, sem a cobrança de valores adicionais qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações”. Esse foi o texto da vitória para inclusão onde o Supremo Tribunal Federal, nega a liminar requerida pela COFENEN (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino). O que penso é que deve se abrir um debate maduro, para que todos tenham condições de se adaptar à nova lei, inclusive o poder público ter sua parcela de responsabilidade reconhecida. É necessário que as escolas públicas tenham o mesmo compromisso com a inclusão e ser uma opção para pessoas que não podem estar em escolas particulares. A escola particular é uma concessão e não uma substituição do dever do Estado, por isso abro o debate e convido todos a opinar sobre esse processo que não pode parar, nem mascarar. Os pais precisam ver a escola como parceiro para que seu filho não seja mais um e sim aquele que um dia vai fazer a diferença na vida da família e sociedade e as escolas não se tornem depósito de crianças especiais, sem nenhum auxílio ao seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

Rita de Cássia Rocha Soares Chardelli – Pedagoga, Psicopedagoga, Ms em Ensino da Ciência e Meio Ambiente, diretora da Escola João e Maria. E-mail rchardelli@gmail.com

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Sobre Vânia Carvalho

 ​ Campista, Comunicadora e mãe de Bianca e Bruno. Como comunicadora social com habilitação em Relações Públicas, atuando como colunista do Jornal Folha da Manhã

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